26.8.05

Recomeço

Recomeça
Se puderes,
sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade
Enquanto não alcances
Não descanses
De nenhum fruto queiras só metade


Miguel Torga, Diário XIII
(com os devidos agradecimentos à CM)

25.8.05

3, 2, 1


photo by Lilith 2005

a contagem descrescente é um estado permanente
uma vertigem para a frente
- há lá outro jeito de ser gente
que não sentindo a urgência ao tempo?

24.8.05

Vamos comer brevemente hortaliças atómicas?

... perguntava-se no DN de 24 de Agosto de 1947.

Onde se acrescentava a seguinte informação: "os resultados transmitidos à Academia de Ciências mostram que o remolho dos grãos de ervilha durante 24 horas numa solução de nitrato de urano a 1/10.000 melhora o rendimento da colheita em peso seco na proporção de 10%. Se se associar ao nitrato de urano substâncias de crescimento na pequeníssima proporção de 1/100.000, o aumento de peso será apenas de 6,25% com o ácido acético, mas atingirá 27,50% com o ácido fenol-acético". Isto sim, é educação para a ciência.

19.8.05

Na manhã do mundo

Ontem, um amigo meu utilizou a expressão "estava na manhã do mundo". Gostei. Um dia também quero estar aí: quando tudo começa, antes de tudo começar. Depois do entardecer.

18.8.05

mansarda

Disse-lhe que não. "Não te preocupes. Não tenho vertigens." A barreira ergue-se alta e impede a atracção pelo abismo. E, em bicos dos pés, o salto jamais teria piada.

16.8.05

Porque é Agosto

Porque é Agosto, também eu me lembrei de invocar essa ilustre personagem e de prestar tributo ao seu inestimável trabalho. Escrevi-o logo nos primeiros dias deste mês de canícula, numa outra tribuna sem plateia como esta. Agora que o seu nome volta a inspirar discursos e memórias, plagio sem pudor as ideias que me tomaram de assalto num outro serão de devaneio estival.

Constava eu que cada altura do ano tem os seus heróis. Que há nomes que se colam simbolicamente a uma data de tal forma que não mais conseguimos separar a sua memória do quadrado de calendário que lhe foi associado. Agosto, por exemplo, lembra-me inevitavelmente a minha avó Albertina, mãe de minha mãe, quase minha mãe também pelo empenho e carinho com que me manteve à sua guarda nos dias perfeitos da minha infância. A minha avó Albertina que se fosse viva completaria com este Agosto cem anos. Cem. No dia 6. O que significa que nasceu precisamente quarenta anos antes desse crime hediondo que arrasou Hiroshima (não que julgue haver qualquer espécie de correlação entre os dois acontecimentos).

Mas Agosto é tempo largo. Tem 31 dias, espaço de memória mais que suficiente para ser reclamado por outros heróis. Por isso também eu me lembrei do personagem. Alguém sabe que é feito dele? Onde pára Graciano Saga? Onde repousa esse vulto maior da tragédia?

E foi por esses pensamentos que me vi conduzido até estas vertiginosas imagens pelas quais me foi revelado o que até agora ignorava. Como pude ser tão cego? Como pude não perceber que que eram génios gémeos, frutos da mesma casta, Graciano Saga e esse outro vulto maior da cultura portuguesa que colocou os mistérios da música ao alcance de todas as inteligências? Salvé Eurico A. Cebolo. Salvé Graciano Saga. O meu obrigado ao Eurico A. Cebolo Fã Clube por me ter feito ver a luz. E parabéns Albertina.


15.8.05

Com música é melhor...

Um dia destes chegou-me às mãos um CD-rom da Protecção Civil de Lisboa que dá pelo título "Os Sismos e Gestão da Emergência". O tema interessa-me - acho que, mais dia menos dia, isto vai mesmo tremer por todos os lados - e vai daí fui ver o CD-rom, à procura de coisas como o grau de perigo do meu bairro, o que se deve e não deve fazer num sismo... Suponho que esteja lá, mas ainda não encontrei. O que encontrei foram excertos (muitos) de música clássica. Fica a devida vénia à Protecção Civil. Nada como ter uma banda sonora adequada enquanto a casa nos cai em cima.

Abaixo-assinado anónimo chega a Belém

O movimento nacionalista Ergue-te pela tua Terra anunciou ontem que vai promover um abaixo-assinado de protesto contra Jorge Sampaio. Na origem da iniciativa está a decisão do Presidente da República de condecorar a banda irlandesa U2 com a Ordem da Liberdade. Os ET não contestam a homenagem em si – “o conjunto é um bom conjunto, apesar de cantar em inglês” -, mas afirmam que peca por defeito.

“Se Sampaio queria condecorar alguém, tem muita gente aqui na terra que merecia. Não precisava de ir procurar lá fora. Derivado de serem estrangeiros, são logo reis e senhores. Já vi isto antes. No Festival da Canção, é igual. Os portugueses nunca ganharam porque tinham a mania de ir para lá dar pontos aos outros e nunca pontuavam as próprias músicas. Com os U2, foi igual. Mas, por menos, que outros conjuntos portugueses também recebessem a medalha. E há-dem receber, nem que seja a de bronze”, explica o primeiro subscritor do abaixo assinado, que preferiu manter o anonimato.

Ao que o Termo apurou junto de fonte próxima do movimento, há já uma proposta de nomes portugueses que será enviada ao PR. À cabeça está Graciano Saga, o letrista/intérprete de “Vem devagar emigrante” a quem o ET quer ver entregue a Ordem das Estradas Seguras. “Diz que os irlandeses são amigos de ajudar as crianças de África. E isso é bonito. Agora, o que ninguém fala é que há mais emigrantes que derivado à canção do Graciano vieram mais devagar na estrada e não morreram antes de chegar a Vilar Formoso. Diz que, inclusivé, o próprio The Edge só veio certinho até Alvalade por procedimentos do Graciano. Agora, nada nos diz que derivado às músicas dos U2 há crianças a mastigar mais devagar para fazer render a comida e para evitar problemas derivados da fome. Ah pois é...”. Até ao fecho deste post não foi possível apurar se a ideia colhe apoios em Belém.

12.8.05

Demora muito?

No início do ano, dizia o meu horóscopo que 2005 ia ser de arromba – tudo o que podia correr bem, ia correr melhor, tudo o que podia correr mal... se bem me lembro, não havia nada que pudesse correr mal. Como os astros devem andar distraídos, queria lembrar que têm algumas tarefas em atraso, e já agora que não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje.

- Ainda não ganhei o Euromilhões (é certo que não jogo, mas se é para ter sorte, é para ter SORTE)
­- Ainda não fui aumentada (mas devo ter mais hipóteses de ganhar o Euromilhões)
- Ainda não me cruzei com o Johnny Depp na rua
- O Camané ainda não vive no meu prédio (e também não deu nenhum concerto este ano, será pedir muito?)
- Os meus vizinhos de cima ainda não emigraram para a Sibéria

E já agora, só por curiosidade... Esta semana tinha mesmo que ser um inferno???

Pronto, pronto, já cá estamos os quatro

Depois de várias reprimendas, uma ameaça velada e outra descarada de expulsão... com licença, vou entrando...

9.8.05

18/08/05


Take a little walk to the edge of town
Go across the tracks
Where the viaduct looms,
like a bird of doom
As it shifts and cracks
Where secrets lie in the border fires,
in the humming wires
Hey man, you know
you're never coming back
Past the square, past the bridge,
past the mills, past the stacks
On a gathering storm comes
a tall handsome man
In a dusty black coat with
a red right hand

3.8.05

Insólita solidão


A solidão não é apenas a ausência do outro. É a circunstância que cava o vazio. A solidão de um almoço numa casa de pasto atulhada pode ser de uma violência atroz. A solidão de horas de contemplação de uma paisagem bucólica é pacificadora. Como nós, a solidão é sempre soma de identidade e circunstância.

2.8.05

balança de ponteiros tortos

Falta-me a vida para o que faço e sobra-me a vida sempre que lhe quero lançar a mão.