16.8.05

Porque é Agosto

Porque é Agosto, também eu me lembrei de invocar essa ilustre personagem e de prestar tributo ao seu inestimável trabalho. Escrevi-o logo nos primeiros dias deste mês de canícula, numa outra tribuna sem plateia como esta. Agora que o seu nome volta a inspirar discursos e memórias, plagio sem pudor as ideias que me tomaram de assalto num outro serão de devaneio estival.

Constava eu que cada altura do ano tem os seus heróis. Que há nomes que se colam simbolicamente a uma data de tal forma que não mais conseguimos separar a sua memória do quadrado de calendário que lhe foi associado. Agosto, por exemplo, lembra-me inevitavelmente a minha avó Albertina, mãe de minha mãe, quase minha mãe também pelo empenho e carinho com que me manteve à sua guarda nos dias perfeitos da minha infância. A minha avó Albertina que se fosse viva completaria com este Agosto cem anos. Cem. No dia 6. O que significa que nasceu precisamente quarenta anos antes desse crime hediondo que arrasou Hiroshima (não que julgue haver qualquer espécie de correlação entre os dois acontecimentos).

Mas Agosto é tempo largo. Tem 31 dias, espaço de memória mais que suficiente para ser reclamado por outros heróis. Por isso também eu me lembrei do personagem. Alguém sabe que é feito dele? Onde pára Graciano Saga? Onde repousa esse vulto maior da tragédia?

E foi por esses pensamentos que me vi conduzido até estas vertiginosas imagens pelas quais me foi revelado o que até agora ignorava. Como pude ser tão cego? Como pude não perceber que que eram génios gémeos, frutos da mesma casta, Graciano Saga e esse outro vulto maior da cultura portuguesa que colocou os mistérios da música ao alcance de todas as inteligências? Salvé Eurico A. Cebolo. Salvé Graciano Saga. O meu obrigado ao Eurico A. Cebolo Fã Clube por me ter feito ver a luz. E parabéns Albertina.