26.8.07

chuva

Estava escolhida a primeira palavra. E seria a do cheiro a madeira molhada de ruas quentes e cais de geada.

9.8.07

Isto sim, é uma prateleira dourada

8.8.07

Pensar nada

Perguntou-me em que pensava. Disse-lhe que não pensava em nada. "Não pensas em nada?", quis confirmar. E aí hesitei a resposta, estranhando o lugar-comum que nunca me fora incómodo: é que um não sobre nada dá sempre alguma coisa. Quando se nega o nada sai tudo ao contrário. Quis então dizer que não, não era que não pensasse em nada, mas antes que sim, pensava em nada. Baralhei-me em silêncio com a nova contradição: dissesse eu que pensava em nada e a simples presença de uma preposição já me traía o sentido. Teria por isso de dizer simplesmente que pensava nada, evitando dizer onde e que quê, que não, que nada, que isso é já pensar alguma coisa. Enliei-me de novo, perdido do nada, cheio de tudo isto em que nada se lê. Acabei respondendo que não, duvidando já da minha sanidade. E voltei a não pensar em nada.

2.8.07

ficaremos assim, guardados numa prateleira dourada