26.6.06
19.6.06
varanda para o mundo
Há uns dias, quando nada era mais real do que o prelúdio de uma onda de calor, pouco antes de a chuva me trazer de novo o meu mundo, descobri que tinha varanda. Gostei do que encontrei para lá dos estores que passam a vida cabisbaixos.
Não partilho paixões pelo mundo bucólico, mas este fim-de-semana comprei flores a sério, agarrei a terra com as mãos, deixei as unhas com um risco preto encostado à pele, mudei-as para os vasos, parti um ramo ou outro – é uma arte arriscada, de filigrana e sombra – e coloquei-as na nova assoalhada a céu aberto. Agora, é vê-las crescer. Estou apostada. Elas hão-de crescer.
15.6.06
14.6.06
Fragmento
Quando o pastel de nata chegou, já não sobrava muito café na chávena. Como perdeu o contraponto amargo da cafeína, à qual estrategicamente não juntara açúcar, compensou juntando canela. Distraída da medição, o prato fez-se acobreado. O estômago deu mais uma volta sobre o assunto, a primeira dentada foi de olhos fechados. Decidiu mudar de perspectiva e, pelo sim, pelo não, mudou de cadeira. Já ia na terceira volta à mesa e aproveitou a mudança para olhar para a porta, como quem olha só porque é obrigada pelo movimento. Com o cérebro feito em massa cinzenta, pensava com o estômago enjoado pelo açúcar e pontapeado pela cafeína. Desculpa, não acerto com as horas.
9.6.06
Da escrita e outros demónios
Escreveram a quatro mãos, mas não puseram a assinatura. A folha ficou apócrifa. Dada a ser renegada pelos autores, portanto, que a escrita tem destas coisas, evolui, acontece olhar para o que se escreveu antes e não ver nisso mão própria, ainda que ela tenha estado lá, esteve, mas já não está.
Que não, não precisa de autenticação, está aqui, eis as caligrafias. E depois, depois há sempre a memória, nem que a folha acabe num palimpsesto, daqueles em que não há processo químico que recupere o original.
- Ah, mas é para continuar a escrever, o texto ainda não acabou?
- Texto, qual texto?
5.6.06
Tenham medo...
Alguém chegou ao Termo quando fazia uma busca por “stands de autocaravanas”. Veio ao sítio certo. Para o caso de voltar, temos a dizer o seguinte: tenham medo, tenham muito medo. Isso, e perguntem pela franquia.