Normalmente numa esplanada, a tilintar de frio
Gosto de me rir com ela, em conversas sobre os gajos que nos fizeram mal e os que nos fizeram bem (temos uma queda para os primeiros, acentuada nos últimos tempos, por obra e graça do Dependurado e do Louco com que a Maia gosta de nos presentear semana sim, semana sim). Gosto de me rir com ela, quando ela faz um ar engraçado, empina o nariz para trás e se engasga com o fumo do cigarro (Francamente, que mania de me tirar fotos de perfil, com um nariz horrível), quando fazemos concursos de “a casa mais desarrumada”, com o “pormenor de desarrumação mais decadente” (tenho para mim que, por pudor, nos poupamos mutuamente aos verdadeiros campeões). Quando, de insuspeitas criaturas, nos transformamos em colunista de o sexo e a cidália e nos rimos dos trastes afectivos que a vida nos tem oferecido embrulhados em papel celofane, com um riso genuíno de bonança depois da tempestade (só lhes temos a agradecer, do mais fundo da nossa costela masoquista, por nos deixarem sofrer mais um bocadinho, e o que nós gostamos disso, afinal não os escolhemos ao acaso). E a culpa disto tudo não é da cerveja (criámos imunidade ao álcool que vem no líquido dourado, mas continuamos a bebê-la aos litros e o melhor é mesmo começar a pedi-las sem álcool que, dizem estudos independentes, têm um terço das calorias e não incham a barriga). As duas temos o riso e tudo para ser felizes. E se não somos a culpa é da Maia que, religiosamente todos os domingos, nos dita sentenças de morte para a semana, ao mesmo tempo que nos dá pistas para saber o que os trastes afectivos andam a pensar, se é que pensam, porque já desistimos de lhes perguntar, mas ainda não desistimos de tentar perceber. E a seguir isto pedia mesmo um “os gajos são todos iguais”, mas isso é uma pura injustiça, há uns bem piores que outros. E este post não é sobre eles, é sobre as conversas que nos fazem rir genuinamente quando, por dentro, ainda choramos um bocadinho, rir do alto dos saltos agulha de mulher crescida que não usamos (eles corariam de vergonha se soubessem as coisas que dizemos e que eles nunca ouvirão dos seus botões). Rimos sobretudo de nós. Temos que rir mais.
(existe uma pessoa que, se lesse este post, teria muito a dizer sobre sapatos, a sorte é que não conhece este pasquim virtual. Um grande bem haja para ele)
2 Comments:
Quase que fico com vontade de ser gaja. Quase.
isso. Que gozo deve ser...
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