31.12.05
28.12.05
26.12.05
23.12.05
À nascença, confunde-se língua e poesia
Queria aprender o b-a-ba desde o início,
e começar cada frase toda em letra de garrafão.
Mas temo que não haja
nem b-a-ba escrito
nem um só livro de lição.
Cancioneiro, poeta desconhecido
1487-?
20.12.05
19.12.05
Shiiiiiuuuuuu
Palavras, palavras, palavras, demasiadas palavras para dizer coisa nenhuma. Haverá, por estes dias, um cantinho onde se faça silêncio?
17.12.05
161205
Por esse rio acima, na tua circunstância, que é metade de tudo o que se pode dizer de ti, tudo depende de estares perante uma paisagem bucólica, ou uma casa de pasto atafulhada. E agora, ponto final ou ponto de interrogação? Dar-te um beijo ou ir ao fundo? Ir sem a certeza de voltar ou ficar na dúvida de um segundo? Ou ficar, de âncora lançada, no preciso instante que antecede a dúvida de um segundo? A olhar para outra margem, ou na força da corrente? A beber o tempo na sede de uma espera sem futuro, só presente. Essa, pelo menos, não é tatuagem. E se o teu presente é o teu futuro? Como saberás para que lado olhar quando precisares de olhar para a frente? O caminho é único, via verde no teu sentido. E se no fundo da rua há um sinal de stop, mas tu esqueceste-te de aprender as regras... Lançaste-te ao caminho no rio, acabaste apeado numa estrada de alcatrão. Quem disse que não se pode andar sobre as ondas? Oh Lázaro! Levanta-te e deita-te uma outra vez. Outra vez!? Outra vez, não há ontens irreparáveis, lembras-te? Mas há mas, acertaste, como há muito tempo ninguém acertava. Há tempo que ninguém ousava acertar, ou talvez fosse que eu quisesse errar. Pois aí está, fosse que eu quisesse errar, e errei, e agora? Quantos aão? Ah? Os erros são meus, o medo de errar também, que devo eu a quem quer que seja que teve a sorte de acertar? Estive a jogar comigo. E consegui perder. Mesmo fazendo batota. Mesmo fazendo batota, perdi no xeque-mate... Como se a morrer na praia.Ou talvez tenha sido antes disso. Talvez tenha ficado por terra nos primeiros quadrados do tabuleiro. Eu, peão que se sonhava rei. A rainha é a peça mais forte deste tabuleiro, a que dita quem ganha e perde este jogo... Se peões fossemos, que de um quintal palácio fizessemos. Aos peões custa-lhes mais, demora mais, têm que percorrer o tabuleiro todo... E então são rainhas, e ganham o jogo. Ou talvez uma torre que se sacrifica pelo rei, em roque. Haverá no mundo melhor coisa que as guitarras dos Clash? (tsssssrttt tsrtt) Gosto das guitarras dos Clash ouvidas por ti, mesmo se a mim pouco me dizem. Diziam. I fought the law, and the law won? E então? Este 'tribunal' está em audiência permanente. A minha lei já me condenou. Sem sequer me ouvir para memória futura. (salto esquizofrénico) Não há memória futura, só memória passada e presente. A não ser que se apresente prova de que o presente é apenas passado de um futuro que há-de ser. Será presente, ou será futuro? Ou é passado que deixará de ser? Ou é só a tua escolha, a do passado, a do presente e a do futuro? Ah? Será chuva, será gente que bate leve, levemente, que não mata mas mói, que arde sem se ver a si mesma, como quem chama por mim? Ah? Respondim.Mas não ouvim. Não percebim... Nem sim, nem não: nim. Nim., não! Nim... ponto, vírgula, não... câmbio. Ponto vírgula! não reticências? Que tal ponto de exclamção, ponto final. No dead line? Não. De que serve querer fazer de uma linha morta linha de chegada? Há linhas de chegada vivas? Há o caminho. Viva! Há o caminho. "Viva!" Quando não há linha de chegada... haverá linha de partida? Se quiseres entrar na corrida e correr. Ir andando até ser. Ou deixar de ser. Mesmo que sem querer. Devagarinho acontecer... e desancontecer. E nunca perceber: eis a questão. E perceber? E querer fazer acontecer, não percebendo o que já percebemos? O que estraga tudo é o mas, lembras-te? Lembras-te se pode alguém ser quem não é? Haverá ciência menos exacta que a matemática? Há a lógica! E a química. Mesmo que a física seja mais certa... Só uma uma ciência errada. A geografia. Duas. A história também. As previsões meteorológicas vão mudando com o Tempo. Ou será que é o Tempo que vai mudando com elas? Será que é ela que mexe o chocalho, ou o chocalho é que mexe com ela. Samba no escuro? De qualquer maneira, o escuro está sempre ali. Para lá da porta que fecha esta sala onde acendi uma luz. Apagou-se. Mau contacto. Dança? Ah, peço imensa desculpa por atrapalhar o seu passo. Ou descansa? Não sabe dançar esta dança? A música é rica em melodia. Ainda que coxa de ritmo e pobre de harmonia. E, no entanto, gosto da música. Não estou já a dançar? Ou será o tecto a andar à roda? Seria uma sorte. É uma sorte. À roda da sorte. Roda Terra, ou Sorte Sol? Lua e noite. Sul. E sueste, que é para lá o caminho. Eixo do mal. Os ventos estão sempre a mudar. Mudam-se os ventos, mudam-se as vontades. Todo o vento é composto de mudança, troquemos as voltas que inda o furacao é uma criança de oito meses na escala de Richter. Alterações climáticas? O efeito é de estufa e estafa, por isso te passo a estafeta. O efeito é de estufa, de preferência com um fiozinho de azeite e umas batatinhas a acompanhar. Gastronomia?! Não sabem que não percebo nada disso? A minha ambição é frugal, pouco mais me apetece que um prato raso. De tripas, à tua moda. Quem sobe, quem desce? Disparate, qual prato raso?! Se o caldo até já entornou. Há sempre o café. Antes da partida.
15.12.05
História sem palavras lá dentro
Ponto final. Ponto de interrogação. Ponto de exclamação. Reticências. Parênteses. Ponto de interrogação.
PS - Infelizmente, não foi possível incluir travessões nesta história.
11.12.05
La la la
Quem disse que na terra dos sonhos não se morre, nem há funerais?
Ao meu, consta que não foi ninguém.
Post de correio
Abrir a caixa do correio é sempre um mistério. Quando esperamos encontrar o recibo a certificar que o feudo do mês já conta, acontece-nos receber a carta certa. As palavras são as certas, as vírgulas estão no lugar certo, os parágrafos fazem o desenho certo. Apenas o destinatário está errado.
9.12.05
Grilo de alerta
Quem vai à guerra dá e leva, ouvi-te. Por dentro, sorri para a irresistível luz dessa certeza. Por fora, armei a pose avisada e a velha voz do siso, qual grilo de abas compridas que lança o aviso de quem teu amigo é : olha que quem se faz a essa guerra dá tudo o que tem, mas raramente leva em troca o que quer. Bem sei, consentiste: mas não me apetece perder sem ir à luta. Engoli em seco. Que pode a razão contra tamanha poesia?
6.12.05
Solução salina
Não sei soletrar os símbolos químicos da tua poção mágica que me torna reagente de mil átomos. Imagino-os com muitos w, y e z, cruzados com letras do alfabeto grego e elevados ao expoente de caracteres que não existem nos teclados à venda na Fnac.
Ainda não descobri o antídoto. Se descobrires primeiro, queima a fórmula.