The departed
Ainda não te contei que finalmente lá arranjei coragem de ir ver o novo Scorsese. Já foi há umas semanas, mas depois do medo de ver, veio-me o medo de escrever. Não fui ver o Scorsese, fui ver-te a ti, meu caro. E foi o que se esperava. Logo às primeiras cenas, na revista de comics do Wolverine dentro da mochila de uma das personagens. Scorsese e Marvel, prometia. A personagem era apenas uma criança e ainda não se tinha tornado no polícia-bom-e-polícia-mau-e-as-duas-coisas-e-nenhuma-delas-ao-mesmo-tempo do filme. E continha o mundo na banda desenhada. Passava-se isto ainda quando a criança era criança. E não queria partir se estava apenas a chegar. E no cimo de cada montanha não desejava uma montanha mais alta. E em cada cidade não desejava uma cidade maior. Era naquele tempo em que as montanhas e as cidades são demasiado grandes e o mundo é ao mesmo tempo tão grande e tão pequeno que só as histórias de quadradinhos podem conter escala tão esquizofrénica. Depois o mundo muda e somos nós que ficamos grandes e pequenos numa escala esquizofrénica que não cabe nem nas histórias aos quadradinhos. Mas elas lá ficam, o refúgio seguro, o descanso da viagem interminável em busca do spot perfeito. E não há mundo que nos sossegue. A não ser a estrada para andar, a gente a continuar. As emoções para viver, o prazer. Que raio de mania de descobrir o mundo. Tinha mesmo que ser até ao fim do mundo?
Eu cá fiquei. Faz sentido, sou aquela que tem medo da partida.
1 Comments:
Quando decidiste chamar a isto Termo de Identidade e Resistência, já sabias que era a sério?
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