28.11.06

Eu espero

Espero por ti, tardas. Cruzo todas as fontes à espera de um desmentido que não chega. Edito-te. Eu a ti, para ser diferente. Tu notícia, uma e outra vez esse meio sorriso repetido. Revolvo-te as gavetas e os poemas e ainda não te acho. Embrulho o teu atraso numa piada de mau gosto, rio-me de ti. Tenho de me rir de ti. Lembrar que os porcos podem ser cor de rosa, ter asas e voar em círculos atrás do rabo. Que é possível cavar uma multidão com um vómito. Ver um avião dar volta ao mundo sem sair do terraço. Despachas-te? Ni! Eu espero. Como sempre, eu quem espera. Revolvo-te as fotos, não me encontro. Há o Gabriel (já tem sobrancelhas, sabes?) Mas de mim nada. Não restou prova. Dos telhados, das portas entreabertas. Vens ou quê? Deixa lá, eu espero. Vou matando o tempo que já não há. Cuidando das raparigas, para me esquecer. Espero à tua porta. Fico. Cedo a uma música manhosa. Vens? Prometo chamar Jóia a mais ninguém.