Hoje vens cá jantar, arrumo-me a mim e à casa num instantinho, faço o peixe no forno, tu vais repetir e dizer que está quase tão bom como os teus cogumelos. Sirvo-te da melhor parte, aquela que tu dizes que é deliciosa e comes de olhos fechados. Podes deter-te pelo meu decote, arrancar-me as calças como te apetecer. Deixas-te escorrer pelo meu peito, ris-te que não quando te pergunto se estou gorda, abraças-me, fazes uma piada de um filme que eu vi e não me lembro, olhas para o poster do Vertigo e perguntas quando vamos à loja comprar o Taxi Driver. Hoje repetimos e não precisas de ficar cá para de manhã.
Podemos conversar apenas, ultimamente temo-lo feito tão bem. Apertamos as mãos e fingimos que por ali não passam correntes químicas, e às vezes já não passam mesmo, falamos de taxas de juro e do teu carro novo, eu fumo um cigarro, tu reviras os olhos e perguntas quando é que eu largo aquilo, falas do polícia que os búzios me destinaram e eu contra-ataco e pergunto pela mulher de ancas largas e peito farto. Rimos. Tu apertas-me o nariz e entrelaçamos braços. Foi assim quando almoçámos no outro dia. Jantamos hoje?
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