Redenção
Conseguem imaginar o que passa neste momento pela cabeça de João César das Neves? “Deixo de escrever no DN ou não deixo? Escrevo e peço que deixem de me ler? Escrevo de olhos fechados para não ver? Escrevo sem ler, ou leio sem escrever?”
Chico Buarque pensou em tudo. E também nisto.
Não existe pecado
do lado de baixo do Equador
vamos fazer um pecado, rasgado
suado a todo o vapor
me deixa ser seu escracho
capacho, teu cacho
um riacho de amor
quando é lição de esculacho
olha aí, sai de baixo
que eu sou professor
Deixa a tristeza para lá.
Vem comer, me jantar
sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
vê se me usa, me abusa, lambuza
que a tua cafuza
não pode esperar
deixa a tristeza para lá
vem comer, me jantar
sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
vê se se esgota, me bota na mesa
que a tua holandesa
não pode esperar
não existe pecado do lado de
baixo do Equador
vamos fazer um pecado, rasgado
suado a todo o vapor
me deixa ser seu escracho
capacho, teu cacho
um riacho de amor
quando é missão de esculacho
olha aí, sai de baixo
eu sou embaixador
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